terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Mas, hey mãe


“Mas, hey mãe! 
Alguma coisa ficou pra trás
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer ”
É mentira, mãe, eu nunca soube o que fazer. Eu nunca soube andar sozinha, eu sempre tive medo, mas eu nunca demonstrei, eu sei, eu também tinha medo de demonstrar, ainda tenho. Ei, mãe, eu não queria ter ‘amadurecido’ tão rapidamente, não queria ter a sua atenção reduzida para mim, e isso aconteceu tão cedo, e eu sinto tanto por isso, eu sempre quis me acolher nos teus braços, deitar em teu colo e chorar, mas você sempre dizia que eu já era grande, que eu sabia me cuidar, e se eu te contar que eu nunca soube? Que eu sempre precisei dos seus cuidados? Será que assim eu poderia correr para os teus abraços, e chorar todas as lágrimas que eu me neguei chorar na infância? Será que assim você teria olhos para mim? Será que assim você veria como eu sou frágil e que se você olhar bem, eu tenho todos os meus medos estampados em meus olhos?
Ei, mãe, você sempre disse que eu poderia sonhar, mas nunca disse que meus sonhos poderiam ser roubados de mim, por quê? Eu sonhei demais, mãe, eu quis ter o mundo em minhas mãos, e descobri que não passo de um grão de areia na imensidão de um deserto, ou de uma gota d’água na vastidão do oceano. Eu sou pequena, mãe, apesar dos meus 1,75 m, eu sou pequena, e você não ver, você não repara, por quê?
Eu chorei centenas de vezes e você nem notou os meus olhos vermelhos, você nunca se importou com a minha insônia, com o meu medo do escuro, agora já não o tenho mais, mas eu queria você segurando minha mão até eu pegar no sono, mas eu te via embalar o sono dela, e eu? Eu não tinha mais idade para ouvir uma história até dormir? Não tinha mais idade para receber um beijo de boa noite? Ah, mãe, podem parecem só detalhes, mas quando juntos eles são enormes, maiores que um tsunami, mais cruel que a fúria de um vulcão, mais devastadores que a queda do muro de Berlim. É exagero mãe? Você sempre disse que eu exagero nos fatos, e sempre aumento os acontecimentos, mas dessa vez, ao menos dessa, eu estou sendo fiel aos acontecimentos, e talvez seja tarde para você perceber o estrago que tudo isso causou em meu peito.
Ei, mãe, você reclama da minha solidão, da minha mania de me afastar de todos, e preferir o silêncio, mas eu cresci em meio a ele, eu sobrevivi por causa dele, será que você se lembra? Eu lembro, mãe, eu lembro das noites que a angústia e o medo eram as minhas únicas companhias. Eu lembro do medo me corroendo e não havia ninguém lá para me dizer que tudo ia ficar bem, por mais que fosse mentira, por mais que não ficasse, eu gostaria de ter ouvido.
E agora, mãe? Agora eu não sei se quero ouvir, não sei se quero escutar todas essas frases de encorajamento, agora não sei se elas surtem efeito, não em mim. Agora, talvez seja tarde para tentar me embalar, e secar minhas lágrimas. Talvez o silêncio seja o meu melhor recado, porque as minhas palavras ferem, mãe, e eu não me permitiria te ferir, mas as vezes elas escapam, as vezes falo o que não devo, então não me acusa se eu me calar. Não me apedreja se eu preferir a solidão, a uma reunião familiar. Não me acha estranha por eu não ser como eles, por não gostar de sair aos sábados, e preferir me trancar em meu quarto. Não me condena por ter aprendido a viver comigo muito cedo, mas achar que a convivência comigo mesma está se tornando insuportável.
Ah, mãe, já anoiteceu, e eu queria voltar a ter três anos de idade, quando eu ainda tinha a tua atenção, e os teus olhos fitavam os meus, e você sorria alegremente para mim, e agora eu não sei mais sorrir, não consigo retribuir aos teus sorrisos. Desculpa por ter-te feito me ver chorar, eu não queria isso. Você também chorou, e veja bem, a tristeza era só minha. E se eu te contasse tudo que eu sempre guardei para mim, você choraria? Eu nunca vou descobrir, mãe, e você nunca vai saber que eu sinto a sua falta, mais do que o normal.
Eu gostaria de olhar em teus olhos e encará-los como eu fazia antes, mas eu não consigo, me perdoa.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Lágrimas não curam o tiro no peito, não diminuem a dor, não nos faz mais forte. Lágrimas não alegram, não sorriem, Lágrimas são a certeza da dor, ou não, vê se não me pede explicação. Lágrimas entopem o peito, sufocam a alma, estremecem o corpo, te faz pequeno, frágil, frio. Lágrimas amedrontam, abrem feridas, atiça a dor, as mágoas. Lágrimas remoem o seu desespero, te põem dentro dele, te tiram o ar, te fazem soluçar. Lágrimas são o próprio calabouço, o gatilho apertado por você mesmo.
Por que eu ainda saio juntando essas letrinhas que as vezes eu nem entendo, em? Por que ainda tento dá formas ou algum sentindo a elas? Como posso tentar transformar em algo agradável essa dor que corrói o meu peito, que me sufoca, que me rouba todos os dias? Por que tento descobri como usar corretamente as pontuações, se na minha vida não há pausas? Por que insisto tanto em um ponto final, se não passo de uma mera interrogação? Por que insisto nisso? Por que tento entender minha loucura através de palavras? Eu só erro, e só escrevo errando, não há acertos em palavras que denunciam um erro. Não há paz em palavras que clamam por socorro. Não há alegria em palavras regadas a lágrimas, não há.

É assustador, ao menos já foi.

Ela é o tiro que ecoa em seus ouvidos, o sangue escorrendo pelo chão, a queda, o grito de dor, é o convite para o pulo do precipício, a porta de entrada para o delírio interno, a passagem para a total falta de lucidez. Ela que te enche de dúvidas e depois as cala, que te mostra que além do chão tem muito mais, que ela é só o começo do seu fim. Ela que te dá sonhos e os rouba na mesma proporcionalidade. Ela que te faz crê em algo e depois te pune por isso. Ela que te faz enxergar que depois de algum tempo seus olhos perdem a cor, o tom questionador, e a escuridão que se instala neles é aterrorizante e devastadora.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Porque eu faço das palavras, um Jogo errado. Porque eu te faço de alvo, mas nunca te acerto. Porque eu tento escrever-te, mas não consigo sequer organizar as palavras.
Porque quando eu tento abraçar-te, os meus braços encontram o nada. Quando eu tento te fazer presente, e lembro que a ausência é a única coisa que te faz presente. Quando eu quero olhar-te nos olhos, e lembro que não há ternuras em fotografias.
Quando me lembro do som da sua voz, e me recordo que ela ainda ecoa em meus pensamentos. Quando quero te roubar, e lembro que primeiro preciso encontrar-te. Quando minhas lágrimas denunciam a minha saudade, e não há meio de curá-la.
Quando eu me lembro do seu sorriso, e não encontro outro igual. Quando o seu olhar incendiava a casa toda, e me ensandecia. Quando o teu corpo tremia, e tuas mãos denunciavam o teu nervosismo, e a situação me parecia engraçada.
Quando meus lábios tocavam os seus, e eu sentia meus pés desprenderem do chão. Quando eu te encontrava em sonhos, e eles viravam realidade. Quando vi teu rosto desaparecer no final da rua, e eu não conseguir te alcançar. Quando você se tornou um sonho bom, mas eu me recusava a dormir, porque o pesadelo de ter longe, é maior do que as lembranças que tu deixaste.

domingo, 4 de novembro de 2012


Eu quis te escrever, mas minhas mãos tremem quando seguro a caneta, minhas lágrimas começam a escorrer, assim molhando a folha em branco a minha frente. Eu quis te contar das noites mal dormidas, das madrugadas e insônias, mas minha voz embarga, e então me calo.
Eu quis te desenhar em minha pele, mas meus dedos tremem ao pegar o pincel, e a tinta escorre entre meus dedos. Eu quis compôr para você, mas falta uma corda em meu violão.
Eu quis te dedilhar, quis te transformar em canção, mas a tua melodia faz minh’alma chorar, e eu caio, eu caio nesse abismo que você cavou entre meus pés. Eu caio, eu caio. Porque você é o abismo, e você já está injetada em mim.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Você não me ensinou


Você não entende. Eu choro, reclamo da solidão, mas ela é a minha melhor companhia. Você não sabe, mas eu não sei escrever, e então eu me desespero, porque eu precisava gritar o que tanto me corta o peito, mas eu me calo, minha voz emudece, mas minhas lágrimas não cessam.
Você não me ensinou que a solidão é viciante, que não querer falar com tanta frequência vira costume, que o coração aprende a falar por sinais, mas que ninguém quase os compreende. Você não me ensinou que quem não fala não é ouvido, que quem não anda não chega a lugar algum.
Você não me ensinou a sorrir para tudo e para todos, e por que todos vivem fazendo isto? Era para eu ter aprendido? Era para eu ser como eles? Me diz, me explica.
Você não me disse que não posso viver dentro das minhas estórias, e nem que eu não posso confundi-las com a realidade.
Você disse que os números que eram complexos, e à vida não, e por que eu discordo? Por que me perco nestes caminhos que já estão traçados? Você disse que era só seguir a trilha, mas eu me perdi, perdi o caminho, e não consigo reencontrá-lo.
Você não me ensinou que fazer pedidos para estrelas cadentes, não quer dizer que eles serão realizados.
Você não me ensinou que o meu mundo é falho, e deixou-me trancar-me nele, e eu perdi a chave.
Você não me ensinou que calar requer muito esforço, e que é altamente fatal. Não me ensinou que crescer requer muita coragem, e que a estrada é longa, e não é possível retroceder. Só me disse que crescer era preciso, mas me diz, por quê?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Alma Biblioteca


Quando meu corpo não mais obedecer aos meus comandos. Quando a minha boca emudecer. Quando minhas mãos não conseguirem entrelaçar as suas. Quando minhas palavras se tornarem ínfimas, e minhas canções perderem os sentidos.
Quando só restarem meus olhos como meio de comunicação, quero que esqueça todos os meus poemas, esqueça todas as minhas composições, e leia apenas o que se esconde em meu olhar.
Não se preocupe se uma lágrima rolar. Só não se afogue em meu mar de lembranças. Nem se perca no meu deserto de ilusões. Adentre na biblioteca da minha alma, e os meus olhos são os livros mais bonitos, e que um dia você deve ler. Não tenha receio, as páginas do meu livro não contêm espinhos, mas você aprendeu a ler nas entrelinhas? Você aprendeu a entender as metáforas?
Me ler, mas não superficialmente, me decifra, me desata. Ler em mim o que nenhuma palavra foi capaz de descrever. Ler o que eu quis renunciar, mas que ficou cravado em minha alma. Ler o que eu gritei ao mundo, mas em uma intensidade ínfima. Ler o que eu demorei anos para aceitar, mas nunca entendei, tampouco aceitei. Ler minhas renúncias, minhas alegrias, minhas tristezas disfarçadas, minhas saudades, minhas idas e voltas.
Me ler e me explica. Me ensina a mim. Conta a minha vida sob teu olhar.  Me explica o que meus olhos te contaram, e eu mesma desconhecia. Me conta, me explica, me escreve, mas antes de tudo: me lê.
- E nem todos os livros que você leu, são mais intensos que o livro que se esconde sob meu olhos.

Mudanças são necessárias...
Mudam-se as estações, os dias, os anos. Mudam-se as folhas na primavera, as águas ao descer da correnteza.
Mudam-se os sonhos, os desejos. Mudam-se os amores, os sorrisos, o brilho dos olhos.
Mudam-se os ares, as necessidades, o aperto de mão. Muda-se o modo de abraçar, a maneira de sorrir, de entrelaçar as mãos.
Muda-se a maneira de olhar para o outro, o jeito de falar, do enlace de corpos.
Muda-se os motivos de uma lágrima rolar, do tremer de mãos, da perca de fala. Muda-se o caminhar, a trilha.
Muda-se quase tudo, mas há coisas que nunca mudam.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Deixa


Deixa eu me encontrar de novo, me olhar de novo, além disso, me enxergar novamente. Deixa eu voltar para mim, deixa eu correr para o meus próprios braços, deixa eu me abraçar, e me acolher.
Deixa eu sorrir de novo, deixa uma lágrima de felicidade rolar em meu rosto, deixa eu esconder meu rosto entre minhão mãos, novamente. Deixa meus olhos sorrirem por mim. Deixa minha timidez esconder meu sorriso (eu gosto).
Deixa eu escrever novamente, deixa as palavras me entenderem, deixa as letras falarem por mim. Deixa minhas letras terem algum nexo, deixa que elas se acalmem, perdendo assim a fúria que contém em cada uma.
Deixa eu andar calmamente, não me apresse. Deixa eu correr para ver o pôr do sol. Deixa eu cair na areia, deixa eu pular ondas, e repara na minha felicidade, que se assemelha a de uma criança.
Deixa eu perder o caminho, deixa a trilha me encontrar. Não, não me pede para ficar, não me obrigue. Mas, me espera que talvez eu volte. Só não posso continuar aqui, fugindo de mim, escondendo de mim minhas próprias verdades.
Deixa o meu reencontro acontecer, deixa o brilho dos meus olhos renascer, deixa o meu riso florescer. Deixa… deixa eu reaprender a viver.

terça-feira, 2 de outubro de 2012


Nem o perfume de todas as rosas...

Nem a melodia de todas as canções...

Nem o brilho de todas as estrelas...

Nem a sombra de todas as árvores...

Nem o calor das manhãs ensolaradas...

Nem o frio das noites de inverno...

Nem a luz do luar...

Nem o vai-e-vem das ondas...

Nem todos os grãos de areia do deserto...

Nem toda gota de água do mar...

Nem todos os sorrisos de alguém...

Nem todo olhar apaixonado...

Nem todo entrelaçar de mãos...

Nem toda união de dois corpos...

Nem todos os segredos...

Nem todas as promessas feitas...

Nem todos os sonhos idealizados...

Nem mesmo o início, tampouco o fim...

É maior que o meu amor por você.

Que o brilho dos meus olhos ao te ver.

Que o palpitar do meu coração ao te tocar.

Que o arrepio da minha pele ao lhe beijar.

Que o fervor do meu sangue ao lhe abraçar.

Que o estremecer do meu corpo ao te amar.